sábado, 22 de outubro de 2011

Quando os versos vem pras casa

A calma do tarumã, ganhou sombra mais copada
Pela várzea espichada com o sol da tarde caindo
Um pañuelo maragato se abriu no horizonte
Trazendo um novo reponte. pra um fim de tarde bem lindo
Daí um verso de campo se chegou da campereada
No lombo de uma gateada frente aberta de respeito
Desencilhou na ramada, já cansado das lonjuras
Mas estampando a figura, campeira, bem do seu geito
Cevou um mate pura-folha, jujado de maçanilha
E um ventito na coxilha trouxe coplas entre as asas
Prá querência galponeira, onde o verso é mais caseiro
Templado a luz de candeeiro e um "quarto gordo nas brasa"
A mansidão da campanha traz saudade feito açoite
Com olhos negros de noite que ela mesmo aquerenciou
Eo verso que tinha sonhos prá rondar na madrugada
Deixou a cancela encostada e a tropa se desgarrou
E o verso sonhou ser várzea com sombra de tarumã
Ser um galo prás manhãs, ou um gateado pra encilha
Sonhou com os olhos da prenda vestidos de primavera
Adormecidos na espera do sol pontear na coxilha
Ficaram arreios suados e um silêncio de espora
Um cerne com cor de aurora queimando em fogo de chão
Uma cuia e uma bomba recostada na cambona
E uma saudade redomona, pelos cantos do galpão 
                                                          (Luiz Marenco)
                                                                                                                

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